AMAR ERA UM PRESSÁGIO

Não existia a morte

- nada era imortal -

O som suspirava em si mesmo

O fogo ardia sem calor

A eternidade refém

Do tempo que não queria nascer

A existência não caminhava

Porque não vivia

O todo era um

O um era nada

O nada...

Não havia quem o definisse

As trevas

não guardavam escuridão

As luzes

fundeavam um oceano de promessas

Tudo

se escondia

Nada

se procurava

Um primeiríssimo sopro

o vento ansiava

Não havia direção

nem meta

Ainda não era

um lugar

Era apenas um quando sem relógio

- amar era um presságio -

[Esse texto foi inspirado pela leitura de um trecho dos Vedas (Rig Veda) - escritura em Sânscrito e base do hinduísmo - que representa, segundo muitos estudiosos, a mais antiga literatura de qualquer língua indo-europeia]