Crepita o fogo...
Crepita o fogo. Densas labaredas
aquecem e dançam - como uns corações!...
Os olhos extasiam; é tanta beleza!
E, como hipnotizados, vêem as recordações...
Velhas fotos, velhos álbuns, velhas cartas...
Um cheiro que identifica alguém entre os demais,
mesmo que fossem mil! E se andasse às cegas,
de olhos vendados... (- Esquecer jamais!...)
Crepita o fogo... Labaredas sinuosas
dançam seu encanto doce e sensual
lembrando abraços perdidos pelo tempo,
um tempo perdido, onde não havia o Mal...
O fogo aquece. Lembranças aquecem!...
E o corpo vibra, procurando alguém!
As mãos se estendem, os lábios procuram
um corpo quente!... Mas há só Ninguém...
O fogo encanta, como encantava
lascivo abraço de um Amor sem fim!
Teve um começo e um recomeço tarde,
mas o que nasce, fada-se a ter fim...
Egoísmo, falsas verdades, ou talvez, vingança,
Afastaram o Amor que completava tudo!
Crepita o fogo... labaredas cantam.
E da garganta... só um soluço mudo...
Recordações... Revividas dores!...
Quer-se reter, mas mais, esquecer!...
O fogo apaga. Escurece a noite.
- Ó como eu queria.. Não te conhecer!...