Crepita o fogo...

Crepita o fogo. Densas labaredas

aquecem e dançam - como uns corações!...

Os olhos extasiam; é tanta beleza!

E, como hipnotizados, vêem as recordações...

Velhas fotos, velhos álbuns, velhas cartas...

Um cheiro que identifica alguém entre os demais,

mesmo que fossem mil! E se andasse às cegas,

de olhos vendados... (- Esquecer jamais!...)

Crepita o fogo... Labaredas sinuosas

dançam seu encanto doce e sensual

lembrando abraços perdidos pelo tempo,

um tempo perdido, onde não havia o Mal...

O fogo aquece. Lembranças aquecem!...

E o corpo vibra, procurando alguém!

As mãos se estendem, os lábios procuram

um corpo quente!... Mas há só Ninguém...

O fogo encanta, como encantava

lascivo abraço de um Amor sem fim!

Teve um começo e um recomeço tarde,

mas o que nasce, fada-se a ter fim...

Egoísmo, falsas verdades, ou talvez, vingança,

Afastaram o Amor que completava tudo!

Crepita o fogo... labaredas cantam.

E da garganta... só um soluço mudo...

Recordações... Revividas dores!...

Quer-se reter, mas mais, esquecer!...

O fogo apaga. Escurece a noite.

- Ó como eu queria.. Não te conhecer!...

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 19/07/2011
Código do texto: T3105111
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