JÁ QUEIMEI MEUS DIAS TODOS
Se para dizer do amor
o nome claro e preciso
é preciso
os dias todos queimar
ouve: já queimei meus dias todos
desde o passado com os rostos
nele habitados
os conchavos contra o tempo
os enganos
as frestas por onde espreitavam
os sonhos
a face da paz possível.
Ouve: já queimei meus dias todos
até o presente
e tanto
que já nem sei quem escreve
estas palavras, resíduo
de incêndio absoluto.
Ouve: já queimei meus dias todos
de certeza.
Só sei que não parto nunca
destas almas que são as nossas
desta Pátria minha
desta Pátria muita
desta Pátria que extrapola...
Só sei que não parto nunca.
Do livro inédito ("publicado" apenas para um único leitor) CRAVO VERMELHO TERNO BRANCO, 1991, com alguma reescrita neste instante, para republicação ainda na manhã de hoje, 19 de julho de 2011.