TE NECESSITO
Se me vejo quando não te localizo, me assisto inexistente
Um reles vulto sobrevivente, um caos humano sob escombros
No peso de meus ombros a dor de uma saudade persistente
Na alma um vazio recorrente, que te desenha em forma de sonhos!
Se teus olhos mirassem nas estrelas, veriam agora minha solidão
Vagando em boreais de imensidão, buscando teus indícios
Nos meus eles perceberiam os vícios que lançam flores na devastação
E os rios que despencam de meu coração, caindo em céus de precipícios!
E a sede se alastra sem ímpeto que possa conter seus dramas e sintomas
Estilhaçando antigas redomas onde moravam resquícios de autocontrole
Dou-lhe oceanos de ilusões cujas lesões ele apenas inflama
Tanto em meu poema que reclama, quando em meus calados dissabores!
Do muito que enganei minha loucura, restou a sóbria insensatez
Posto que a derradeira lucidez passeia de mãos dadas com a cegueira
Só há uma fome verdadeira e uma única embriaguez
Essa que te fez veneno de uma lança tão certeira!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor