TE NECESSITO

Se me vejo quando não te localizo, me assisto inexistente

Um reles vulto sobrevivente, um caos humano sob escombros

No peso de meus ombros a dor de uma saudade persistente

Na alma um vazio recorrente, que te desenha em forma de sonhos!

Se teus olhos mirassem nas estrelas, veriam agora minha solidão

Vagando em boreais de imensidão, buscando teus indícios

Nos meus eles perceberiam os vícios que lançam flores na devastação

E os rios que despencam de meu coração, caindo em céus de precipícios!

E a sede se alastra sem ímpeto que possa conter seus dramas e sintomas

Estilhaçando antigas redomas onde moravam resquícios de autocontrole

Dou-lhe oceanos de ilusões cujas lesões ele apenas inflama

Tanto em meu poema que reclama, quando em meus calados dissabores!

Do muito que enganei minha loucura, restou a sóbria insensatez

Posto que a derradeira lucidez passeia de mãos dadas com a cegueira

Só há uma fome verdadeira e uma única embriaguez

Essa que te fez veneno de uma lança tão certeira!

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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 18/07/2011
Código do texto: T3103246
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