TODO POEMA DE AMOR É UM POUCO TRISTE

Por mais belo que seja,

poema algum é capaz de esquadrinhar

a plenitude de um amor

e, por ser sempre incompleto,

todo poema (de amor) é um pouco triste.

Quem ama, apesar da euforia,

sabe que algemas lhe prendem.

Amar, longe de ser um ato de liberdade,

é se deixar cativar.

E, cativo, quem ama vela,

zela, se preocupa

e se doa.

Entender o que se passa na alma

é a tentativa do poema.

Mas há sempre uma asa a mais,

uma luz mais clara,

um dia mais brando

no amor.

Ainda assim escrevo

poemas de amor,

perfeitos

em sua intensa incompletude.