A FACE ATERRADORA DO AMOR

Quanta formosura no teu rosto

A face tentadora

Um rubor que me faz lembrar as vinhas

Que correm nas veias de Dioniso

Há uma voz no sangue dizem

Que pulsa e freme lateja geme e corre

Cavalga pelo ar sem pouso corre sem parar

Dorme na gente mais não pertence a nós

Tal como o ódio e tanto quanto o amor

Pertence tão somente ao sangue

Que corre sem o sabermos de seus mistérios

Lateja numa linguagem própria dentro de seu mangue

Desde que vi este teu rosto ele tá correndo

No meu sangue em qualquer lugar bombeando

Lembranças como se tu fosses o cacho de uma uva

Também dizem que o vinho é o sangue da uva

Daí confesso minha insensatez e minha loucura

Por tão viçosa e linda criatura da cor da formosura!

Estou à procura dela mais a vi tão fortuitamente

Que nem mais sei se é gente ou um vulto de minha memória

Só me lembro de seus olhos que se fechavam

No exato momento em que sorria

Caricaturando como tatuagem na minha mente

E agora ela segue dentro de mim viajando pelo

Meu corpo e pelas minhas veias pulsantes

Não agüento mais darei fim a minha vida

Não agüento mais tê-la em mim como um fantasma

Sem tocá-la represada em licoroso rubi

Pego do cálice encho de cicuta

Um brinde a amada que não tive nem como puta

Se não a tive fora do sangue

Então que este rio seque e que eu viaje noutra canção

Assim estaremos libertos um do outro desta louca vertigem

Quando o sangue virar água estaremos sóbrios em nossa vivissecção

Estou tonto...Deve ser a embriaguês que como efeito semelhante ao Vinho a morte veio nos brindar...

Caio tombado para trás, eis a consumação

E num último suspiro do amor que não tive

Ela transbordante de vida me apareceu...

Como é linda a face da minha alucinação

Que dentro dela morreu!