Descobridor dos Sete Mares
Vim da selva de teus cabelos emaranhados onde dríades escondem-se em meio a medusas e os pensamentos obscenos nascem; da costa de tua testa parti. Pelo mar branco e macio como leite e cetim singrei, e cruzei as ilhas de tuas sobrancelhas afiadas de felina. Temi ao ver os poços escuros de teus grandes olhos curiosos, abismos de fúria, loucura e amor - pois sabia que se lá fosse me perderia em tua alma de esfinge e harpia. E vi o cume de teu nariz petulante de criança atrevida e rainha nobre até os lábios carnudos de tua boca maldita e deixei-me então vagar ao sabor de teu hálito doce. Com sofreguidão me libertei de teu sorriso místico de Mona Lisa e fui seguindo as curvas de teu queixo e pelo pescoço, segunda cintura, onde os vampiros sonham em cravar suas presas me deliciei e caí pelas cascatas de prazer até teu magnífico colo.
Senti os batimentos de teu coração dobrarem nas profundezas como os sinos das catedrais inundadas de Atlântida. Regozijei-me de intenso júbilo arrebatador ao ser jogado contra os belos montes de teus seios deliciosos e por pouco não naufraguei na luxúria de meus devaneios. Acompanhei as correntes de teu ventre e pude sentir o calor de tua pele ao me aproximar das águas ao sul. Do redemoinho de teu umbigo levantaram súcubos para me atormentar, contudo nada poderia me impedir de encontrar o tesouro mais precioso que Eldorado. Já impaciente e nervoso, cheguei ao monte de Vênus e em nova selva penetrei trêmulo, salivante, ante ao úmido ar tropical de febre e desejo.
Era de meu conhecimento as tentativas de meus predecessores em conquistar aquela gruta, terra prometida, e de suas derrotas para o esquecimento. Ali onde a rosa dos ventos era despedaçada pelo arrebol e gênios mastigavam suas pétalas, sereias me receberam com braços abertos e entre fêmeas no cio finalmente alcancei os degraus do paraíso e desvendei o esconderijo de Afrodite. Através de teu sexo desvendei teus segredos.