Terra

Pó da terra seca,

fira meus olhos

para que tua

partida

não me tenha

como testemunha.

Pedra da terra seca,

fira meus ouvidos

para que teu riso

agora ausente

não me lembre

que rimos juntos,

num tempo

inexistente.

Espinho da terra seca,

fira minhas mãos

para que teu seio

distante

não me lembre

da carícia

que faltou,

num tempo que

não sei quando.

Talvez,

ferido o corpo,

liberte-se minha alma.

Talvez voe

a minha poesia

e n'algum canto

encontre outro tanto.

Talvez, terra seca,

viceje-te novo plantio

e minha

eu te saiba,

moça do Rio.

Para Cristina.