PRIMORDIAL

Primordial

não seja o sexo.

Importa tanto

a flor, o canto

e o depois.

Sonhar a dois

o mesmo sonho.

Primordial

é o anexo

com os beijos

no após.

E o ficar sós

nas horas vãs.

No café das manhãs

junto à cama

em rebuliço.

Primordial

é o compromisso

de nada ter

para cumprir

e repartir

com sua dama.

Primordial

é um amor em doses

na dose errada

mas na hora certa.

Ser degustada

com certeza incerta

à embriaguês

mais desejada.

Primordial

é pouco ter

mas inteiro ser

à sua amada.

Não é o domínio

é ter fascínio

por quem se quer.

E quando se der

sublime se faça.

Primordial

é noutro dia

sentir saudades

e da fantasia

criar realidades.

É no mesmo espaço

o dois por dois

em um só passo.

Primordial

é a insensatez

quando a nudez

transparece à roupa

e se faz louca,

desgovernada.

Primordial

pode ser nada

ou tudo ser

sem exigir.

É um momento

na eternidade.

Um segundo

perpétuo

de contemplação.

Primordial

é deixar silêncios

em cada olhar.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 14/07/2011
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