PRIMORDIAL
Primordial
não seja o sexo.
Importa tanto
a flor, o canto
e o depois.
Sonhar a dois
o mesmo sonho.
Primordial
é o anexo
com os beijos
no após.
E o ficar sós
nas horas vãs.
No café das manhãs
junto à cama
em rebuliço.
Primordial
é o compromisso
de nada ter
para cumprir
e repartir
com sua dama.
Primordial
é um amor em doses
na dose errada
mas na hora certa.
Ser degustada
com certeza incerta
à embriaguês
mais desejada.
Primordial
é pouco ter
mas inteiro ser
à sua amada.
Não é o domínio
é ter fascínio
por quem se quer.
E quando se der
sublime se faça.
Primordial
é noutro dia
sentir saudades
e da fantasia
criar realidades.
É no mesmo espaço
o dois por dois
em um só passo.
Primordial
é a insensatez
quando a nudez
transparece à roupa
e se faz louca,
desgovernada.
Primordial
pode ser nada
ou tudo ser
sem exigir.
É um momento
na eternidade.
Um segundo
perpétuo
de contemplação.
Primordial
é deixar silêncios
em cada olhar.