AMOR ALÉM DA ESCURIDÃO
Você me emudece
Em umidade me enlouquece
Em tuas mãos me faz crescer
Eu teus lábios me faz recrudescer
Eu tuas mãos sou colo no alvorecer
Sou o teu amanhecer que te faz arrefecer
O teu anoitecer me inebria é intenso
Uma gata que na madrugada fria no meu telhado mia macia
Pra noite vadia...
Depois que faltam todos os nossos alicerces
Inexistem as preces que expias
Precisamos nos cuidar diante dos reveses
Atravessar as pontes suicidas das noites frias
Atravessar as pontes enegrecidas
Que destroem as reses invisíveis da madrugada
Com seus comboios de féretros
Passam descolando suas couraças de espectros
Que se entregam no momento fúnebre da degola
Às vezes perder-se pra vida é algo mais
Mas para a morte é alcatraz incólume pra quem vai
É sempre ela preparando estrumes
De sua cinza imorredoura sem aquarela sem perfume...
Mas há força no amor há lume no relâmpago e eclosão
No coração de quem se ama e se inflama de paixão!
A noite tem suas rendas estreladas de imensidão
Suas abóbadas enclausuradas no manto celestial
Purpurinas orvalhadas espalhadas pelo condão
Da fada encantada chamada Madrugada
Negrume que as valorizam ainda mais
E no entanto um vão negro e solitário
Vai se descortinando por detrás
Um vazio infinito uma inominal e indoutrinada paz
Como nas grandes catedrais
Assim é nosso amor uma carta sem selo
Um céu além do céu
Não há palavras que consiga preenche-lo