NOSSO CAMINHO FLORIDO - Idílio a uma Jornalista
Silencioso, à contemplar a dança erótica das palmeiras
E o olhar neutral numa porção de nuvens se diluindo vagarosamente,
Como brancas borboletas tangidas ao soprar do vento às flores...
Sem reparar nelas o abstrato de que são compostas
eu olho-as sem olhá-las...
A brisa leve me vem ao rosto num afago sincero
A transformar à tarde fria de inverno em calor suave...
É a bela serenata da natureza a cantar nos meus ouvidos
Os sons mais puros e perfeitos... – como em catedral.
Aconchegando-me o coração triste e solitário de moço poeta.
Triste por ausência da amada que ora em ora
Vinha me beijar no lábio seu beijo doce,
trazendo-me inspiração a caminhar...
Mesmo que sozinho qual caminheiro errante a procura
de um seio perfumado por repouso...
Sinto falta, minha senhora... – sinto falta.
E a cada passo do relógio sinto que te afastas e que já não posso Tocar sequer no último fio do teu cabelo ao vento...
E o coração é mais ausente na ausência tua.
Queria que a esperança que regamos desce flores...
E que pudéssemos colher em nosso campo, no tempo certo
E florir nossa cama da boa essência do nosso amor.
A brisa invernal traz-me as cores da tua inocência...
Os doces olhos, os risos meigos e os perfumes
Que em teu seio bebi por tantas noites... – inspiração.
Ah, minha criaturinha doce!
Os porquês desta vida nos perturbam, dilaceram
Nossos corações amantes – eternos!...
Se houvesse no mundo ouvido aos nossos clamores...
Mas o mundo não é uma ilusão serena, passiva.
É uma realidade que dói constantemente
Quando se tem o coração envolto a impossibilidades...
Não temo o tempo que nos consome... Pois,
Somos inconsumíveis! – o amor nos beatifica a alma.
Ganhamos a eternidade quando
Encontramo-nos no campo a colher flores...
E assim seguiremos nosso caminho florido
Na esperança de colher da natureza
A flor mais bela a nossa vida...