Caverna de versos

Quero um poema

Pra me proteger

Um poema que também me defina

Me dê contornos

Segurança

Que seja boa sua poesia

Que não deixe brechas

Mesmo em sua liberdade

Pra versos perdidos

Ruins que leva pra lugares

Escuros, sem um guia.

Quero morar num poema confortável

Limpo, fluido, com cadeira de balanço por dentro

Onde na cama, quando deitar

Sua poesia, mulher que suporta a trama da sua construção

Vem me acariciar, tocar meu peito

E dizer de mansinho o cantos de seus versos

Quero um poema eterno

Pouco egoísta

Que me deixe, quando entediado

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Textos longos em prosa até

Uma poema seguro

Que saiba que mesmo enveredado

Por um Guimarães ou Machado

Vou voltar, deitar em sua rede

E dormir de novo a eterna noite de seus versos...