Geada

E quando o frio da saudade
Me bateu no peito aqui
Joguei as roupas velhas fora
Para me vestir de ti...

Arredei as cinzas pro lado
E acendi os fogos dormidos
Nalgum lugar do passado

Como novo fogo de sonho
Labaredas de futuro
Que o que passou pereceu

Junto com a morte das brasas
No sonhicídio terrível
Que deixou o Amor sem asas
E a mim que era animal
Transformou em vegetal
Com meio corpo sepultado
Sem nem poder caminhar

Mas eis que uma abelhinha
Que fazia mel sozinha

Chegou para me salvar
Sacando da sepultura
Não pra fazer-me zangão
Pra morrer depois do Amor

Mas, prá aliviar meu coração
Fazendo esquecer a dor
E lembrar que quem voou
Será sempre voador

E que o Amor permanece
Para sempre em quem Amou
Porque pertence a quem Ama
Não aos do “Posto que é chama”

Que me perdoe o Vinícius

Pois os que dão-se por vício
Andando de mão em mão
Nunca amarão de verdade
E quando vencer a idade
Receberão a pensão
Contribuiram com vaidade
Pra receber solidão...

 
Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 09/07/2011
Reeditado em 20/01/2016
Código do texto: T3085118
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