Coração partido
Se o mundo estiver acabando
Por favor, avise-me!
Dê-me apenas...
Uma caneta e um papel
E na luminosidade transcendental
A criação é meu caminho
Se me vires por aí
A falar com as árvores
E dar bom dia aos passarinhos
Não penses que sou apenas louca
Antes de tudo
Sou mesmo “doida varrida”
Que ri sozinha de si mesmo
E nem se preocupa
Se fará chuva ou sol
Pois a inspiração se encarrega
De colorir o corpo mais cansado
A alma mais despedaçada
Pelas dores existenciais
Quem, quem afinal de contas?
Nunca teve o coração partido?
Por amores que juramos
Serem eternos e essenciais?
Mas que, logo, logo
O calor intenso da vida
Mostra-nos que somos seres incompletos
Sempre em busca
Em busca de algo a mais...
Que talvez esteja mais perto
Do que percebamos
Num piscar de olhos
Antes mesmo
De pensarmos...
ACCO