PÉTALAS E LOUCURA
As trancas desse calabouço já selaram meu destino
Voltei a ser menino e estou brincando nas veredas da ilusão
Confuso em meio à sensação que me divide entre a sensatez e o desatino
Na vastidão em que agora me confino, no ouro fino dessa mísera paixão!
Em vez de ser quem sou ou quem eu fui, tornei-me qual desfigurado
Talvez um crime contra si mesmo flagrado e solenemente punido
Constatadamente perdido exatamente por haver me achado
Gravemente curado pela sina de um legado que me tem adoecido!
Eis-me assim, a rendição heróica de uma íntima paz guerreira
O além-fronteira de tudo quanto seja os aquéns dos infinitos
Guardião dos próprios gritos que se calam numa vida inteira
Que colhe seu azeite da videira plantada junto aos rios mais aflitos!
Serenamente louco e furiosamente apaixonado
Por todos os ventos levado, seguindo os rastros de tua chama
Um desprezível poeta que declama seu tema igualmente desprezado
Sem ser ouvido ou ser notado, mas massacrado pelas pétalas que ama!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor