O AÇOITE DA TENTAÇÃO
Há uma refeição sensorial se processando desde quando nos olhamos
Sabotando antigos planos de me manter leal aos meus princípios
Vejo-me à beira de precipícios, açoitado por ousados sonhos
Desejos estranhos, sintomas que indicam inesperados vícios!
Se nossos mundos são fronteiras que colidem, por que me invades dessa forma?
Páginas antagônicas de uma história em tese não trariam boas novidades
Mas sinto todas as tuas potencialidades numa percepção que me assola
E a única imagem que me consola é tua aparição nas eventualidades!
Teus olhos me provocam e meu corpo sugere o desafio
A ponto de sentir que é por um fio que sobrevive essa fragilizada sustentação
Menina que exala tentação, mulher incendiária que atiça-me o pavio
Que me abala ao ponto do arrepio, que faz voar meu coração!
O acaso já me deu a leveza de teu toque e a singularidade de teu cheiro
Queimei por inteiro, sorvi a sensação imaginária
A distinção de faixa etária parece ser o teu brinquedo corriqueiro
Por isso tive medo e guardo esse segredo que me esmaga!
Comunicamos muita coisa no silêncio e sei que edificamos um novo idioma
Que fala na madrugada de insônia, que ignora antagonismos na paixão
Tenho vontade de tomar-te pela mão, mas a covardia me doma
Queimo entre dois fogos nessa redoma: um de desejo e o outro de proibição!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor