BLUES NO FIM DO TÚNEL

Um dia qualquer na vida,

um olhar perdido,

a ponte,

gente.

Há um blues no fim do túnel.

Não se mate por amor ainda.

Há outras coisas no mundo.

Umas até coloridas,

tecidas por mãos amáveis,

ao vento.

Deixe a tristeza no blues.

Deixe as cordas chorarem

por ti e por tudo.

Não se mate, não hoje.

Ninguém te entende?

É claro que não.

Cada um com sua dor específica.

O rio corre e nem pergunta o caminho.

Olhe o rio e aprenda.

Há um blues no fim de tudo.

Isso é que nos torna adultos:

a capacidade de suportar os nãos da vida.

Ela te disse não?

E daí?

É só mais um entre tantos nãos

que a vida vai te gritar nos ouvidos.

Pense no sim que o rio te diz.

Mas diga não.

Ainda é cedo.

A morte não está a fim

de te levar.

Não hoje.

Há um blues no fim do túnel.

Ouça-o com atenção!