AMOR POR INSTINTO
AMOR POR INSTINTO
Você não é Jocasta
Nem eu sou Édipo
Porém tudo leva a um complexo
Instintivamente fico cada vez mais confuso
Você chora feito manteiga derretida
Se passarmos um dia sem nos vermos
Nossas almas se combinam
Os iguais vão-se com atrazo
Os contrários chegam numa noite avançada
Numa manhã cinzenta ressalta uma ressaca escrota
Sinto sua ausência atrás da língua
Meus olhos lançam te chispas
Que ardem como labaredas
Sou limitado em qualidades abstratas
Mas vou me tornar romântico
Por subserviência vou abaixar a cabeça
Não obedeço à própria razão
Tanto que amo te pela sua boca
Pelo sabor de seus beijos
Mais e mais meu lado da cama fica frio
Você me deixa seco de desejos
Parece que abomina minhas carícias
Estamos no cio...
Mas não temos libido
Provocas em mim comichão
Não faço contas, amo-te
Não tomo conhecimento, amo-te
Por acontecer o amor, amo-te
Por conjugação estelar, amo-te
Pela comunhão dos mitos, amo-te
Amo-te, para não contrariar o amor
Amo-te por instinto animal
Ininterruptamente repito: TE AMO!
(novembro/1990)