Retrato
Joguei aquele amor no mar.
Saltei do navio os olhares desencontrados
remei, remei
Deixei que as correntezas levassem
você, minha vida
pedi para desfazerem essa combinação.
Coloquei na garrafa
aqueles sentimentos que te escrevia,
todos "eu te amo" suspirados em lembranças.
Arremessei nas águas meu vazio
remei, remei.
Enchi as mãos com ondas
Banhei minha boca calada entre saudades.
Visualizei a paisagem massificante
antes que o pôr-do-sol despertasse.
Tirei meu coração
vivo, batendo
negro como a cerne, vermelho como o sangue derramado.
Envolvi em meus dedos,
minha pele manchada de prazer odioso;
Desfez aquele coração.
Caído nas águas
penetrando superficie abaixo,
afundando na terra molhada.
Lá se fez o retrato,
Eu, inteiramente morta naquele mar
Sobre o quase pôr-do-sol admiravel.