AMOR CRUCIFICADO

Moureja meu corpo em tropeço

Nuvens ministros do ar

Ínvios pensamentos dispersos

Tarde sombria vai declinando

Orvalho antes da aurora

Estou murchando como relva sedenta

Carente estou nesta selva de meu eu

Como ramos flamejantes

Que desmaiam sob o manto solar

Sedento como astro errante

Sem minha estrela polar

Não há desapego da carne

Quando sou eu a caça

É como salgar-me por dentro

De sal e sol vou rachando na couraça

És a candeia de minha escuridão

Entro na gruta como ermitão e hiberno

Ouço minhas barbas crescendo

Esfoliando meu rosto sem a flor do campo

Estou largado como fumaça dissipada

Sem pouso sem acento

Como areia no deserto onde é nulo o seu movimento

Nada eu te dava de valor

Nem conheço mais o meu lugar

Sou que nem o pó de tua maquiagem

Já não me vês...

Como crucificado na minha paixão

Minha agonia começa depois das três...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 04/07/2011
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