Desesperança

Não sinto o sabor do fruto

Que desmancha em minha boca.

Nem sinto a língua

Que beija a Terra querendo fertiliza-la.

Só sinto saudades da paz

Que morreu com o dia

Desenhando no horizonte

A tênue de um pôr-do-sol.

Vejo ruínas escondendo os corpos

Depois do terremoto

E vultos correndo aos guetos

A procura de abrigo.

Sinto o cheiro do mundo

Invadindo olhares

Como se tivesse alma,

Viajo entre asas

Sem sentir a liberdade,

Indo pela contramão,

Como um anjo manco

Remendando o vazado

Transplantado no peito.

Eduardo Lira
Enviado por Eduardo Lira em 03/07/2011
Código do texto: T3072661
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