AUSÊNCIA

Arianne Evans

Sinto mais a tua ausência quando,
sem querer, meus olhos fitam o
correr do tempo assinalado num
calendário qualquer; quando olho
para o jardim e me dou conta que
a roseira está nua e apenas espinhos
ponteagudos se mostram, dizendo
que mais um inverno chegou...
E não voltastes...

Tua ausência fala de ti no travesseiro
vazio, ao lado do meu, exalando a
suave fragrância do teu suspirar
ritmado, que hoje, não sei onde está,
para quem...

Tua ausência é essa cor cinza que a
cada dia que amanhece, cobre como
nuvem sombria, meu coração que te
chama e só o silêncio responde, pois
não encontra ressonância, na distância
em que te colocastes...
Fala de ti no vazio de inspiração que
me engolfou, como fosse um oceano
turvo e sem fim, onde me perdi, quando
te perdi...

A ausência da poesia, em meu mundo
interior, é a prova maior da dor da tua
ausência definitiva, como se estivesses
vivo, mas eu...

Para quê... Se o amor que sinto carece
dos teus beijos, das tuas mãos, do teu
corpo, da tua voz, do teu calor em mim,
transmitindo - me a energia vital da ternura,
combustível que me mantém e que, ainda
que não soubesses, eras a fonte dela, para mim?

Tua ausência grita sua realidade quando
vejo no jardim, já primaveril, rosas
vermelhas desabrochando e murchando,
na roseira carregada, mas ao lado do meu
travesseiro, apenas o vazio, onde costumavas
deixá - las, a cada manhã, como uma declaração
silenciosa de "Eu te amo..."...
Agora, ausência... Silêncio interior...