PEITOS CAÍDOS.
As cores tantas que nos emburrecem a alma
trazem no seu bagageiro mil fogos pouco rabugentos
esquecem seus remendos, suas esteiras, seus unguentos
acabam perfilados nas ribanceiras da solidão.
As cores tantas desrepresam suas burrices, suas virtudes,
suas esquisitices,
saem do cio feitos pás de um moinho enevoado e triste,
fazem jorrar suas manteigas vencidas com dedo em riste,
choram.
Depois, como se tudo bastasse por aqui,
berram feito fadas alucinadas que chegou a hora da merenda,
ou da oferenda,
afrouxam as manilhas que amparam sonho só por desleixo,
refogam.
Então vão se embenhando nos confins da alma feito peste maldita,
descabelam os velhos atônitos por um pedaço de pão,
ou por um não,
fazem as mães com peitos caídos se fartarem até depois da morte,
esperam.
Os elos vão se desmilinguindo com certa cerimônia, parece,
entro na sala e flagro todos se articulando, num motim tão esperado,
não sei bem do que se trata, minhas sinapses estão cada vez mais mancas,
minhas ancas estão cada vez mais desafinadas, desisto.
Vejo que meu sangue está mais enrigecido, mais forte, mais erecto,
tudo fica mais gostoso, o mundo fica mais gostoso, o ar fica mais gostoso.
Viver ficou bem mais gostoso.