AMOR VERMELHO
És o vermelho caótico dos meus versos,
A gôndola que passeia em meu torpor,
Suave derramar de carinhos que complexos
Me enternecem desmistificando o amor.
Braços vorazes, boca contorcida
Envolvem-me em crítica sedução;
Sou a negação da dor da propria vida
Que embala os sonhos perdidos na emoção.
Passos que ecoam na fúria do compasso
Celebrando os martírios que impetraram,
Regozijam-se funestos em todo espaço
Perpetuando o clamor que em mim deixaram.
Assim te chegas, como a chama que atordoa,
E invades o que de mim ainda resta;
Sopro de luz deixando-me como quem voa
Para beijar outros lábios de promessa.
E nessa cor flamejante em antonia
Debruças-te inteiro sobre mim,
Desfazendo o mito que em ti eu via,
Superando os meus anseios em triste fim.