Verdugo
Apanhei das palavras
e elas em fio fino
do meu tinto e já congelado do teu inverno
sangue semente do abandono
Proferi, blasfemei
chorei, pulei, cantei
como se em transe
de tua cruel poesia eu não mais pudesse
existir
Aprendiz das palavras do meu algoz
soluços, sonetos, serenatas
e a bruma que envolve tua voz
que não sei o timbre
e ainda assim me acerta golpe perfeito
ah! que do amor que te oferto
recebo o desdém
não compreendi teus versos
talvez deles eu não esteja muito além
ou tenha eu ousado ser a musa sem ser
por não saber mais diferenciar
o eu de você, pois ser tão sedutor o elo
que se feio ou belo
meu coração ao teu corre
paralelo
mas saiba menino
que daqui te ouço, te respiro
tão longe e ainda assim te vivo
mesmo não sendo eu
quem você carrega em seus pensamentos
nos teus tempos de consternação e inspiração
e se despedida
que seja breve pois me é dolorosa tua partida
meu tinto
corre por meus olhos