Verdugo

Apanhei das palavras

e elas em fio fino

do meu tinto e já congelado do teu inverno

sangue semente do abandono

Proferi, blasfemei

chorei, pulei, cantei

como se em transe

de tua cruel poesia eu não mais pudesse

existir

Aprendiz das palavras do meu algoz

soluços, sonetos, serenatas

e a bruma que envolve tua voz

que não sei o timbre

e ainda assim me acerta golpe perfeito

ah! que do amor que te oferto

recebo o desdém

não compreendi teus versos

talvez deles eu não esteja muito além

ou tenha eu ousado ser a musa sem ser

por não saber mais diferenciar

o eu de você, pois ser tão sedutor o elo

que se feio ou belo

meu coração ao teu corre

paralelo

mas saiba menino

que daqui te ouço, te respiro

tão longe e ainda assim te vivo

mesmo não sendo eu

quem você carrega em seus pensamentos

nos teus tempos de consternação e inspiração

e se despedida

que seja breve pois me é dolorosa tua partida

meu tinto

corre por meus olhos

Gammy
Enviado por Gammy em 01/07/2011
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