Poema 0907 - Viajante

Deixo que minha alma

espalhe o afeto que me resta,

nua, entre nuvens vãs,

paz entre tempestades brutas.

Viajo entre poucos conhecidos,

saboreio no mel do amor,

não d'outros amores, do meu,

aquele que me foi servido.

Tenho armas mortais escondidas,

lembranças de guerras sem nexo,

da paz, um sorriso,

doce como um beijo da amante.

Visitei alguns pedaços de céu,

vi ilhas de lamentos,

homens torturados pelo vício,

caminhos que negam seguir.

Furei nuvens com o dedo médio,

desenhei nas areias do Saara,

tingi ondas quando nadei no Atlântico,

rodei a terra no balão do destino.

Sou faca sem corte, sem morte,

a raiva que desdenho,

jogada fora como roupa velha,

como o nu, que é verdadeiro quando nu.

Estou à procura do equilíbrio,

descalço caminho meus pecados,

confesso estar indefeso do mal,

mas livre, apenas livre...

Estou pronto para falar de amor,

que os homens apaixonem mais vezes,

deixem o sorriso pular da boca,

até que as amantes voltem a sonhar.

Sou louco, sim muito louco,

quero o impossível,

pelo menos quero e vou buscá-lo,

gritarei de cima do sol se preciso.

Alerta amantes, acorda o coração,

parem com seus outonos,

vistam suas roupas coloridas de tesão,

deitem no céu e façam amor.

Quero aventura e não mais sonhos,

subir cada degrau da existência,

enquanto evito minha consciência

e a sorte andar ao meu lado.

Existem diversos fins, a vida uma,

não somos como madrugada que volta,

a hora do amanhecer que escolhemos acordar,

alimento-me de fé e luz, até o último dia.

Quero não querer a solidão,

quero querer amar acompanhado,

quero não querer a morte,

quero querer merecer o amor.

Meu corpo é meu vício,

o gozo, a vida que derramo paixão,

os sentidos é Deus que me guia,

a saudade não acaba no carinho de volta.

Deixo quase nada para o mundo,

talvez algumas letras escritas em corpos nus,

uma promessa de voltar noutra noite

ou noutra vida amar a mesma mulher.

Não sou o diabo, nem santo de alguém,

estou despido de todos os valores,

de todos os males, de toda raiva.

Até Deus, até um último segundo de vida.

01/12/2006

Caio Lucas
Enviado por Caio Lucas em 01/12/2006
Reeditado em 04/12/2006
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