Carta do amor-paixão

Carta do amor-paixão

À minha poetisa Sandrinha

Doce, meus amores

São mares, meu peito

O algoz bem perfeito;

Que me beije as flores.

Doce, se és um fado

Um jovem amado.

Da cor ao meu ninho;

Tem toda a pureza,

Do alvor à beleza

A ave do carinho;

Doce, se és um fado

Um jovem amado.

Bem vi o teu colo;

Se enchia do orvalho

Que o cheiro do talho,

O orgulho do solo.

Doce, se és um fado

Um jovem amado.

Que me beije a língua;

O amor! À paz louca:

Que o fulgor da boca!

O alvor da cor nua;

Doce, se és um fado

Um jovem amado.

Nos olhos me vistes;

Amo-te, ó meu seio!

Que o peito já leio

Que a dor já sentistes!

Doce, se és um fado

Um jovem amado.

Se estavas a amar-me;

Pois não chora a mim

O amor do carmim.

Se estavas a olhar-me.

Doce, se és um fado

Um jovem amado.

Amo-te o bom rosto;

Um doce perfume,

Sem dor do ciúme...

Que vens o meu posto.

Doce, se és um fado

Um jovem amado.

Que a dor já sentiu;

À morte, ó meu Deus!

Que os amores meus!

Que o céu já pediu.

Doce, se és um fado

Um jovem amado.

Autor:Lucas Munhoz

*Direitos Autorais Reservados