Lembranças de luares vivos

o vento bate no vidro

uivando uivando... assim

como o lobo-coração

minguado dentro de mim

olhando para o céu escuro

sem estrelas

e a lua era ,dias atrás, um candelabro

com muitas velas

posta na mesa( do nosso jantar)

que observo

na varanda: solitária;

agora,

a lua é um rosto morto e frio

como uma lápide

e deforma a cada nuvem escura que a encobre

e mais parece um iceberg

sendo

ora ou outra

encoberto por névoas negras

na imensidão do mar negro e gélido do Norte,

e ambos não são como eram

quando refletidos

nos seus olhos azuis

lindos olhos azuis...ah como é bom lembrar:

a noite era linda e tinha vida

agora,

até o vento chora,

pois outrora brisa, vinha

e observava

com frescor,

e acalentava nossos corpos quentes

e nus

ou ainda que vestidos

mas fundidos em carne viva

com os membros entrelaçados

cobertos com a seda de seu vestido

e com o linho do meu terno

pela vergonha da divina lua

que nos assistia excitada

e cada vez mais brilhava...

...agora

eu

toda vez que a assisto

aqui sozinho

é como se erguesse um cisto

na minha alma

é como se o vinho

perdesse o sabor

e eu a calma

é como se a lua

fosse esse iceberg amargo de que falo

no qual choca todas as noites

nosso Cruzeiro do Amor

onde você não existe mais...

...

Vagner Pitta
Enviado por Vagner Pitta em 01/12/2006
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