Lembranças de luares vivos
o vento bate no vidro
uivando uivando... assim
como o lobo-coração
minguado dentro de mim
olhando para o céu escuro
sem estrelas
e a lua era ,dias atrás, um candelabro
com muitas velas
posta na mesa( do nosso jantar)
que observo
na varanda: solitária;
agora,
a lua é um rosto morto e frio
como uma lápide
e deforma a cada nuvem escura que a encobre
e mais parece um iceberg
sendo
ora ou outra
encoberto por névoas negras
na imensidão do mar negro e gélido do Norte,
e ambos não são como eram
quando refletidos
nos seus olhos azuis
lindos olhos azuis...ah como é bom lembrar:
a noite era linda e tinha vida
agora,
até o vento chora,
pois outrora brisa, vinha
e observava
com frescor,
e acalentava nossos corpos quentes
e nus
ou ainda que vestidos
mas fundidos em carne viva
com os membros entrelaçados
cobertos com a seda de seu vestido
e com o linho do meu terno
pela vergonha da divina lua
que nos assistia excitada
e cada vez mais brilhava...
...agora
eu
toda vez que a assisto
aqui sozinho
é como se erguesse um cisto
na minha alma
é como se o vinho
perdesse o sabor
e eu a calma
é como se a lua
fosse esse iceberg amargo de que falo
no qual choca todas as noites
nosso Cruzeiro do Amor
onde você não existe mais...
...