INFÂNCIA

Na lama, sob a chuva, descuidados,

os meninos brincam.

Seus movimentos são dança

e sentimento.

O frio não incomoda,

o tempo não importa.

Tudo passa na vida, mas

permanece a majestade

desse instante.

Algo da infância continua,

mesmo nossos corpos entrando

na decrepitude.

Memórias boas, dias sem respondabilidades,

quase sempre a infância

nos soa idílica.

O que fomos de melhor

quase sempre

fica na infância.

Amigos de verdade,

espaços felizes,

momentos de poesia,

tudo fica lá

na saudosa infância.

Mas crescemos.

E as chuvas se tornam apenas

precipitações pluviais,

incômodas,

frias,

tristes.

E seguimos,

aguardando a volta do sol.