SOMBRAS DO DESPERTAR
Desperta a neblina,
Na bruma, já quase esquecida
A sina, a rua menina
Desperta, alerta a noite.
A pele, que queima e arde dentro de um vulcão,
Extirpa a sede, que mata
O nó que me deixa a cortante cachaça
Uma velha carcaça
E sombras dúbias e cinzas
Onde vela o vento dormente,
Que arrasta as grossas correntes
De velhos veleiros, que, ancorados,
Rasgam as sílabas desse verso
Que uso como triste fim.
E as rosas que ficam
São geladas como noite de junho,
São feridas como cortante navalha.
Exorcizo a sombra fria e crua
Na nua rua de minha memória,
No leve tolher desse mês invernal.
Entoa a voz dessa música de inverno
Para acalentar e aquecer as sombras de um despertar.
Quero amar, e como quero,
Tua silhueta, tua face dourada
Amor, amiga, amada...