A Giralibertar
Depois que o dia se acaba e o sol se vai
O girassol se inclina, parecendo entristecido.
Mas não é isto, é só o sol que é perseguido
Pelo olhar transcendente que também cai
Daquela flor que vê e segue o colorido
Como se fosse este planeta transparente.
E quando a gente pensa que está triste, dolorido
E cabisbaixo pelo seu Amor ausente
O girassol, feliz da vida, é um vidente
Com a Alma ensolarada a acompanhar
Porque enxerga com ela depois do poente
O movimento do sol, a terragirar...
Como eu, um giraLua
Que ando cabisalto, à noite, pela rua
E que de dia sou um girassol inverso
Só porque vivo submerso
Como ele, parecendo tristonho
Pela simples razão de que não vivo: Sonho...
E quando todos se enganam com nossa falsa tristeza
É o momento em que mais nos entregamos à beleza:
Dois espadachins, costas nas costas, se protegendo
Dos que não vêem o que estamos vendo...
O Girassol e eu, os dois seguindo a liberdade.
Ele fugindo da terra, seu mundo-grilhão, a girassolar...
E eu do meu coração, no peito-prisão, a giraluar...
( Resgato este, o menos Lidinho dos meus filhotes que Amo como todos os outros)