Palavras 0381 - Estradas e vindas

Marquei a estrada de volta

ao longo da minha ida,

vou sozinho minha noite

só com a lua, só com a vida.

Meus olhos estão longe,

o perto não passa perto,

quando morro e não durmo

o amor impuro fica incerto.

Caminho e no outro corpo

não me perco na mansidão,

quando sigo o desejo de gozo

e ela sim, não diz que não.

Volto estradas, volto dias,

roubando flores pelas beiradas

exalo dores que não matam

meus silêncios das madrugadas.

Ando sozinho meu sonho

delírios que não são meus,

volto do meio caminho,

o meio é o caminho de deus.

Quero os pés no fundo da terra,

os olhos na imagem acanhado,

de coração vazio tão cheio,

de tão certo que fica o errado.

Contigo não ando na mentira,

se passar a tarde sem ela,

espero o gostar depois das seis,

quando a noite entrar pela janela.

Sou pés que caminham vindas,

de amor tingido sem luta,

a procura de uma alma minha,

sem sombras, sem disputa.

28/06/2011