Poema 0905 - Da minha janela
Da minha janela cabe o mar,
todos os sonhos, um navio de flores,
o sorriso dela depois de fazer amor,
o beijo esperado por longos anos,
o amor, ah... cabe todo o amor.
Da minha janela vejo sua imagem,
as nuvens desenhando rostos conhecidos,
assino meus contratos com a natureza,
firmo minhas promessas e juras de amor,
tudo dali, da minha janela.
Da minha janela defendi alguns fracos,
dei sorrisos aos tristes, gritei aos loucos,
também fiquei a tarde, muitas noites sozinho,
esperei dali ela me acenar, de qualquer lugar,
ali da minha pequena janela do mundo.
Da minha janela vi colherem as flores no jardim,
arar a terra, um casal fazendo criança,
vi o outono de algumas paixões,
senti os lábios frios do inverno sem o beijo,
sorri da paixão que explodiu como se fosse verão.
Da minha janela bebi do vinho sagrado da vida,
apaixonei-me algumas vezes pela mesma mulher,
escrevi do amor em todas as dimensões,
deixei pulsar o desejo que tinha por ela,
até senti invadir seus sonhos mais impróprios.
Da minha janela sei que sou imortal,
por horas seguidas fico dono de tudo,
arrasto meus sonhos e escolho os melhores,
faço uma ponte com o céu, atalho as nuvens
e caminho devagar em direção da morte.
Tudo bem ali... da minha janela...
30/11/2006