POE PIRA

POE PIRA
sia cai

Nu meio desta festaiada, de tanto canto e tanta dança,
Tanta canjica e pipoca, pru quê memo
Tanta lida, tanta prosa e alegria?
Quem é o ilustre comemorado,
Quem sabe, quem adivinha?

Haja Santo que bendiga
Antonio, Pedro e João
Haja céu cheio de estrela
E chorar de violão
vestido de chita cum fita
Chapéu de paia e balão...

È rojão que sempre estoura
E comilança das boa
Música , gaita e sanfona
Cafona, nem sei o que é não...
Tem ponte que desmonte
Cobra criada na obra
Chuva que varre e aluvia

Nada disso estraga a festa
Nada rouba a oferenda
Do homenageado do dia
Mas quem é ? quem saberia?

Ele é traquino e abusado
Vem de mão aberta, se ocê num qué
Mas de vez precisada,
Nem sempre dá pé

È manhoso cativeiro
As vezes dura prisão
No calor diz que meleca,
No frio, estreita o colchão

Este feitiço danado
Ataca homem e muié
Mas dispois...
Vich coitado,
Tem que amargá é na fé.

Na fé da dura escalada
De pôr o que não se tem
De guardá quando num carece.
De amanhecê du lado
(ou pió, suzinho)
dispois de noite sombria
Ou de achá paz
Na ferventura do dia....

O AMOR--- ele memo, tão danado..
Já matou mutchio romântico
Já desterrou mutchio lunático
Evaporou no testamento
mas INDA É MIÓ patrimônio
Pra onde nada se leva...


E como diz o ditado
Dos que tem a alma etérea
E mantém a carne dura....
De suor, de fé e de chão:

O amor é qui nem rapadura
È doce...
Mas num é mole não!!!!!




Maria Biatrici Freire Junho 2011

Alma arretada
Coração arriado.