A música de Janaína
Eu vejo em nos seus pés, as terras que te andou.
Nos seus cabelos, o vento forte que te empurra.
Na sua boca, meu anjo, que sempre foi bonita,
O sabor que me causa, a angustia de não tê-la
Seus olhos, molhados quase sempre
Traz as paisagens que te viu
Os campos que te passearam
O horizonte, a dor de não ultrapassá-lo
Nos seus seios, meu amor, eu tenho
A comida que mataria minha fome
Que me faria homem-menino.
Suas pernas, o seu destino
Que está voraz a te seguir...
Nos ouvidos, guardados
Em orelhas cor de beijo
Os sons que querem ser ouvidos,
Percebido, compreendido como uma criança buscando a vida...
E seu coração
Guardado, num cesto de aço.
Numa caixa de bronze.
Tem geleia, trigo, cama confortável
Um amanhã, desses de quando menino.
Tem nele, chorando
Criança com fome
De azeite, passeio no parque, bicicletas
a moça nova da escola...
Meu amor, meu doce e destino amor
Vejo o calor que te encobre,
Que te ama tanto,
Mesmo nas noites de estrelas poucas.
Nos ventos forte
Nas tardes de desamparos.
Sua pele, manto que te separa de mim
Pêlos levantados querendo mãos
Querendo unha
dentes, salivas
Meu amor, eu morro todo dia um pouco.
Pra conseguir te amar mais.
Quando meu coração se esgota...