Coração de Poeta

A história que eu vou contar

É sinistra, bizarra, profunda

Se quiser o seu rosto virar

Ande logo, pois ela é imunda!

Não espere um final feliz

Muito menos risada alguma

Bem melhor se fechar o nariz

Enfiar sua cara na espuma

O suspense é rico e turvo

Pois na dúvida deixa questões

E à sua riqueza me curvo

Pra falar de dilacerações

Violência que cruza a noite

Despedaça o frio do vento

Ao ouvir o passeio da foice

Em seguida o choro, lamento

Mas parece uma louca história

Na verdade o fato é real

De sentir a maldade notória

Dum esdrúxulo pobre animal

Previsão não se tem, nem se tenta

Entender o sentido da dor

Pois o monstro que ela inventa

Transparece no mundo pavor

Sei que o medo um cheiro exala

Que vontade desperta também

Da montanha que move e cala

O menino surtado do além

Ao parar de subir a montanha

Pra sentir o sinistro mover

De complexidade tamanha

O menino de morto prazer

Aparenta um entusiasmo

Horroroso aos olhos da Terra

Parecendo sentir um orgasmo

Com o cheiro do sangue da guerra

Desta vez quando o solo se abriu

No buraco caiu dele tudo

O menino de triste sorriu

E sugado se foi num segundo

No calor que subiu repentino

Numa imensidade de fogo

Vi as cinzas do pobre menino

Que pensou ser a peça dum jogo

Na verdade o que posso dizer

É que a vida me mostra maldade

E que nenhum outro prazer

Traz-me à tona uma realidade

É a história extraída da mente

De um pobre coitado poeta

Que às vezes parece demente

E metido a falso profeta.

Axeramus 27/06/2010.