JÚLIA ROBERTS
Nesta hora em que li poemas sujos
não de Gullar mas, de um louco qualquer;
Dorme a cachorra Júlia, não a mulher,
no braço imóvel do estofado de vidro.
Mexe os pelos, as orelhas
sonha com bolachas amanteigadas;
ouve-se seu respirar...
Seus brincos são tão pequeninos
não da cachorra, da mulher
são três, na diagonal.
Que cena gostosa, doce paladar
dizia a sombra na parede, da lâmpada
sobre a cabeça da mulher.
A cachorra não, de barriga para cima
rosnava, batia com as patas no ar
como se o gato estivesse por ali.
Enfim, acorda e vira-se, me vê
não a mulher, a cachorra
mas, já é tarde... vamos todos dormir!