AMOR MADURO

Papilas gustativas a degustar

Entremeio entre o ser e o estar

É a pororoca das poesias

O encontrar das letras carnais

Coisas bobas

Beijo na boca

Água salobra...

Prefiro as mais loucas

As mais lobas

Do que ensinar as mais bobas

Como amar se nem saíram de si...

Alcovas são folhas abertas sutis

As mais experientes estão na conserva

Na salmoura inquestionável do sabor apurado

No ápice do sabor degustado na medida certa

Independentemente da cútis

Enquanto as mais novas

Ainda são da paixão servas cegas!

Precisam ser amaciadas pelo tempo

Pelo toque das pedras roladas

Por pés profundos de vinhas ácidas...

Enquanto as mais velhas estão maceradas

E curtidas no carvalho da escuridão

E dão o seu maior frutar de olor inigualável

Em tonéis indescritíveis de sedução

Onde a pressa é inimiga da perfeição

No papilar degustar de um sonho “Baconiano”

Em cuja sede se faz amar noutra dimensão

E quando acordamos do sono

Ainda sonhamos encantado

Com o resíduo do mosto decantado