Desenhos
Esta manhã peguei o lápis entre os dedos e rabisquei uma linha na textura branca do papel. O grafite deslizava graciosamente e o silêncio foi quebrado pelo som quase inaudível aos desatentos, como se estivesse dedilhando o tecido aveludado de uma manta aquecida.
Desenhei o amor em seu estado mais puro e as emoções causadas, como a febre dos apaixonados... a alegria provocada, o sorriso de puro contentamento, o brilho no olhar, os arrepios pelo corpo, os sonhos misturados à realidade, a melodia em que as flores convidam as borboletas a dançar...
Delineei a esperança com seus traços perfeitos. Aquela que ilumina o caminho dos aflitos, que subtrai o cadeado das almas acorrentadas, que nos dá um ar sustentável...
Rascunhei a essência da bondade... a doação voluntária sem esperar nada em troca, a atenção tão rara no espírito humano nos dias de hoje...
Reproduzi o bem querer... que nos rodeia, nos encanta, nos fascina! Que nos faz mais vivos a cada toque, que nos faz ver um mundo muito melhor mesmo com os olhos cerrados...
Figurei o medo... para nos lembrar que sem ele tornamo-nos tolos e incautos... Para nos dar os freios necessários e sermos prudentes... nas palavras e atos.
No cantinho da folha, rabisquei a raiva... A raiva boa...Aquela que nos faz levantar e continuar lutando... Que nos faz prometer que seremos mais felizes...
E assim terminei meu desenho... ao admirá-lo entre os traços de meu grafite, percebi que desenhei sua face... e descobri assim que você é a melhor tradução do Amor...
(Homenagem a um grande amigo... ora sumido! mas que sempre lembro com carinho)