AINDA TE AMO TANTO

Não sei se o que sinto é saudade,

ou se mera memória de um tempo macio,

de brancas nuvens e céu azulado,

um tempo menos história e mais sonho.

Não sei se ainda te odeio

com a mesma força do dia

em que saíste de mim.

Não sei se cheguei mesmo

a sentir por ti algum rancor.

Só penso em teu sorriso,

na meninice de teus gestos,

na tua voz ecoando

em minhas reflexões.

Só penso em te ver de novo.

Ainda te amo tanto!

Nego o óbvio, mas, sem jeito,

aproximo-me de ti e falo

coisas absolutamente triviais.

Na verdade, queria que tuas mãos

encontrassem as minhas.

E aquela fúria de ontem se converte

numa vontade pequena de chorar.

Queria voltar no tempo

e, no momento certo,

me calar.

E, durante tua dor e raiva, estender

a minha mão direita

e dizer:

tudo vai ficar bem.

Em pedaços ficamos.

Desencantados, silentes.

E partimos.

Não sei de ti,

mas eu me libertei da fúria

e ainda te amo,

quase como se recomeçasse.

Mas agora - olha! - sou outro.