CAUSA PRIMÁRIA

Na ilusão de fazer com que o nosso

tempo fosse de duração indefinida, igual

as coisas boas que a vida conserva,

tomei-te nos braços da mesma forma como

toma-se uma rosa.

Aventurei-me escolher uma trilha suave

onde houvesse muitas flores arraigadas,

para que o perfume delas nos envolvesse

como se estivéssemos em um jardim.

Cuidei para que todas as flores encontradas

não fossem despetaladas ao longo do

caminho, para que a fragrância de todas

continuasse a nos cingir com seus perfumes.

Repentinamente, aqueles cheiros agradáveis e

penetrantes aos poucos foram desaparecendo,

e o espelho da existência passou a refletir flores

sem vida e ao redor de nós, somente o vento

selvagem destruindo o que planejamos construir.

A beleza dos aromas naturais e singelos que

sentíamos revelou que o nosso intento foi fugaz,

não houve tempo sequer para que o nosso desapego

fosse corrigido.

E assim, cada uma das peças que constituem a corola

das flores, foram impiedosamente extirpadas e ressequidas e

depois de sermos julgados, fomos considerados os

culpados razão das medidas impostas pelo destino.

Nada mais existe se não o registro de uma causa primária!

Wil
Enviado por Wil em 21/06/2011
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