DOIS AMORES E UM CORAÇÃO
Se dois corpos
Não podem ocupar
O mesmo espaço
Ao mesmo tempo
Dois sentimentos
Também não poderiam
Ao mesmo tempo conviver
Dentro do mesmo coração
No entanto
Acho que essa
Talvez não seja
Uma verdade absoluta.
Se assim o fosse,
Como então se explicaria
Essa angústia dolorida
A sangrar-me a alma
Em punhaladas de saudade?
Se, ao mesmo tempo,
A razão me condena;
Em nome do bom censo,
Aceitar a despedida
Com fingida alegria.
Deixa então,
Que se dane a razão!
Que se exploda a ciência!
Que se lasque o bom senso!
Pois te odeio
E te amo
Dentro do único coração
A pulsar-me no peito.
Amo-te quando você chega
E me beija na boca
Mas depois te odeio
Quando o dia amanhece
E vai embora
Sem sequer um aviso.