ME VI NA ESQUINA DA VIDA
vi meu eu na dobra do mundo
entre a rua e a calçada
espiando quem me dera
que passasses neste dia
a ofertar-me um olhar
vi meu eu bem moribundo
chapéu ou caneca na mão
fazendo malabarismo
com espinhos do caminho
tentando pedir-te pão
vi meu eu na grande fila
que me sobrassem migalhas
De um sorrizo - só unzinho
Que caisse esquecido
No canto onde estava eu
Vi meu eu, será eu mesmo
Esmolando, mau trapilho
Sem arroz, feijão nem milho
Pois seu coração vadio
Foi terra que se secou...
Vi meu eu fazer as malas
Mas disso meu eu não fala
Pois lemanto não embala
Uma só noite de sono
Que me faça voltar a sonhar...