Uma Certa Surpresa…

Por reparar

Que o tempo que julgava meu

Não o era

Mas que ao mesmo tempo

Continuava a valer a pena…

Que os relógios

Funcionavam num outro sentido

Que quando julgava certa

Era a altura errada

Para te ter comigo…

Tentando nadar

Tentando auxiliar-te

Mas não te estavas a afogar

Estavas simplesmente

A recriar-te…

Numa aura de pureza

Que não o era

Era tão somente

O reflexo que fazia o sol

Na tua discutível beleza…

Que não sei se boa

Não sei se má

Não sei se por caminhos naturais

E legítimos

Ou ínvios

E mentirosamente invictos

Te tinha por cá…

Caminhos estranhos

Pois aprendi que são tão estranhos os caminhos

Que levam até ao Senhor

Como aqueles

Que conduzem ao Amor…

Dado em ambos se pedir entrega

Com o respectivo sacrifício

Dado em ambos

Não sermos aparentemente livres

Vivermos agarrados

A uma espécie de vício…

Porque não sabemos viver sem os dois

E se o soubermos

Passamos por sermos uma espécie de aberração

Uma espécie de anormalidade

Porque facilmente se esquecem as escrituras

As palavras imaculadas do coração

Que rezam e dizem é para aqueles que amam para além do que é suposto amarem

Que pertencem as principais vias do céu

Os beijos de uma forma umbilical ligados à alma

Onde o corpo do desejo

É prazer total

E não meramente obrigação

Onde o amor é uma palavra que se sente

E se vive

E não somente uma palavra que se repete

Porque está na moda

Passada por um programa Web

Ou da clássica televisão

Para que toda a gente nos sinta integrados e integradas

Politicamente correctos

Escravos de uma moda global

De uma hipnotizante

Oração…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 17/06/2011
Código do texto: T3041238
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