Uma Certa Surpresa…
Por reparar
Que o tempo que julgava meu
Não o era
Mas que ao mesmo tempo
Continuava a valer a pena…
Que os relógios
Funcionavam num outro sentido
Que quando julgava certa
Era a altura errada
Para te ter comigo…
Tentando nadar
Tentando auxiliar-te
Mas não te estavas a afogar
Estavas simplesmente
A recriar-te…
Numa aura de pureza
Que não o era
Era tão somente
O reflexo que fazia o sol
Na tua discutível beleza…
Que não sei se boa
Não sei se má
Não sei se por caminhos naturais
E legítimos
Ou ínvios
E mentirosamente invictos
Te tinha por cá…
Caminhos estranhos
Pois aprendi que são tão estranhos os caminhos
Que levam até ao Senhor
Como aqueles
Que conduzem ao Amor…
Dado em ambos se pedir entrega
Com o respectivo sacrifício
Dado em ambos
Não sermos aparentemente livres
Vivermos agarrados
A uma espécie de vício…
Porque não sabemos viver sem os dois
E se o soubermos
Passamos por sermos uma espécie de aberração
Uma espécie de anormalidade
Porque facilmente se esquecem as escrituras
As palavras imaculadas do coração
Que rezam e dizem é para aqueles que amam para além do que é suposto amarem
Que pertencem as principais vias do céu
Os beijos de uma forma umbilical ligados à alma
Onde o corpo do desejo
É prazer total
E não meramente obrigação
Onde o amor é uma palavra que se sente
E se vive
E não somente uma palavra que se repete
Porque está na moda
Passada por um programa Web
Ou da clássica televisão
Para que toda a gente nos sinta integrados e integradas
Politicamente correctos
Escravos de uma moda global
De uma hipnotizante
Oração…