AMOR UMA DESOVA

Apaixonada. . .Apaixonada tu o diz!

Em reprises constantes

Neste campo minado sou aprendiz

Insistes nesta paixão sonante

Sou uma sereia replicante

Enquanto houver eufemismo

E paralelismos dissecantes

Estaremos escrevendo de trás pra antes

Antes que a tarde fique distante

Sem a partitura das yaras em cachoeiras cantantes

O meu coração está inseguro em seus estertores

Muitas vezes nas tardes da misantropia

O sol seguia seu curso e levava meus versos juntos

Eu ficava debruçado diante dos reversos que compunha

Tolhidas estão as minhas descoloridas flores

Minhas redes ainda trazem outras formas de cores

Pra embalar adoçando à tarde da cena morena...

Deite em mim tua paixão qua azuleja minha solidão terrena

Jogarei pro ar este impostor este descorado anátema

Tingirei outra fronha em baixo dos cobertores

Tira-me de minhas tímidas seqüelas de noturnos terrores

Tua mão uma canção a decantar-se em meu leito

Minha constelação aberta em teu peito

A um palmo de minha mão

Preencho este balão

Feito de ar comprimido

Só se esquece alguem

Quando o libertamos também deste ar rarefeito

A entrega deste beijo que sai do meu pulmão

Já é sua entre o que foi e o que virá

Te aceito em poesia e em sedução

Vem cá me beijar...Vem!