CAMINHOS DO SOL
Guida Linhares
Vou caminhando colhendo a brisa
da tarde fresca que se aproxima.
Em meu rosto apenas a coriza
das lágrimas vertidas pela cisma.
De tantos sonhares em avesso,
de tantas ilusões jogadas no escuro.
De haver perdido o teu endereço,
me deixo ficar em cima do muro.
Dali avisto o imenso e rubro mar
colorido de vermelho do enrubescer
da tarde que à noite vai despertar.
Nele as lembranças do nosso romper.
Do sonho de amor que se acabou,
depois de tantos anos a nos abrigar.
Vejo-me no instante que desenterrou
as saudades que sinto de ti a me amar.
Se eu voltasse atrás no tempo
e de novo me tomasses em teus braços,
em momento algum mudaríamos o sentimento,
de estarmos sempre presos aos nossos laços.
Mas agora é tarde. Nos caminhos do sol
apenas a nossa imagem ficou gravada.
Pálida e desbotada imagem de um arrebol
que um dia me fez sentir a mais amada.
Baú de Recordações 2008
***