ASAS DO DESEJO
Eu amei um dia!
Não penses amigo
Que a minha estrada
Foi sempre esse solitário vagar
Por entre as neblinas
Do meu desencanto.
O meu mundo
não foi sempre escuridão,
Eu já tive um sol de ilusão!
Já senti sobre meu corpo,
Como uma brisa sussurrante,
As asas de um anjo errante!
Eu amei!
E amando deixei-me levar
Nas asas de um pálido arcanjo!
Se do céu, ou do inferno,
Nunca pude saber ao certo.
Tão somente
Agarrei-me a sua cintura
Voando ao infinito
Nas asas do desejo.
Nas assas
Daquele ser alado
Fui levado em um vôo errante
Subindo além;
Arvores... Nuvens... Estrelas...
Para depois...
Mergulhar em tenebroso abismo...
Onde caí com ela
Em meio à lama impura
Mergulhando de peito e boca no chão.
Agora não mais desejo voar!
Não mais, ao espaço serei levado!
Pois arranquei as asas
Do Serafim maldito
Condenando-nos a uma vida
De vermes rastejantes
Em meio à podridão.