MADRIGAL
Quem é essa que sobe e desce o outeiro
Pastoreando tranquilas ovelhas?
Que tem os olhos acastanhados
E os cabelos como a noite sem estrelas?
De quem é esse sorriso balsâmico
Que nasce entre lábios tão delicados
Como o sol de manhã rompendo as nuvens
Banha de luz todos os costados?
Que tem no falar, um favo escorrendo.
E a fronte é um pedaço de romã
Entre o capim franjado dos cabelos,
E o corpo cinzelado por Rodin?
O seu pescoço é torre de Davi.
Mas aonde haviam flechas e lanças,
Pendem preciosos enfeites, colares.
Quem é essa, que meu olhar alcança?
Seus seios são duas pombinhas-rolas
Que se apascentam num imenso trigal.
Seu vestido cheira a cedro do Líbano!
Quem é que habita este meu madrigal?
Quem é essa que nem o nome eu sei
Mas sei que me inflamo quando a vejo?
Bem poderia chamá-la “alguém”
Porém, chama –la-ei de “ meu desejo “
José Alberto Lopes®
Maio-2011