As vezes não

O amor é uma coisa doce

Que amarga a vida

As vezes não

Que mais existe

Entre a pele e o sangue

Senão o destino inevitável

Sopro de ar morno no entardecer

Um gato a se espreguiçar na janela

O consciente que não sabe ser útil

Tudo para se evitar

Lembrar as últimas lágrimas de maio

Horrores e coisas mortas

Do começo ao fim

A mistura dentro da boca

Fumaça de cigarro e o hortelã da pasta de dente

Não há enganos ou divergências

Temos dez mil anos de fatos

Tapetes revirados na sala

Veio com o mar

Partiu com a noite

Cheirando perfumes e suores

O peito range

E os ossos estralam

Portas que não se abrem

O medo de sofrer

Fecha as mãos

Promessas quebradas

Vozes entoando

Cantorias de solidão

Páginas cheias de lacunas

O amor é uma coisa doce

Que amarga a vida

As vezes não

carlos assis
Enviado por carlos assis em 12/06/2011
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