Noites silenciosas
Nas noites silenciosas
o tempo parece
reter sua passagem
no vão da porta,
atrás das persianas,
à espreita,
como quem guarda
algum segredo.
As horas saboreiam
os minutos
em um banquete inefável
de sonhos e fantasias.
Há em mim um
suspiro contido,
um grito preso na garganta
como se fosse um
animal selvagem
se debatendo na armadilha.
Aqui, armadilha
de verso e prosa.
Vou tecendo nas
linhas outrora
vazias o discurso do silêncio,
a pausa existente entre o
que fui ontem e o que sou hoje.
Apenas um átimo de
segundo que se fez presente
em tua partida.
Nessas noites silenciosas
o peito sangra sua dor,
reparte com o próprio tempo
a solidão da despedida.
O silêncio do grito em
mim faz barulho como fogos
de artifício em
noites de festa.
Mas, nas noites silênciosas
ninguém é capaz de ouvir
o lamento que faz tua
ausência em mim.
De resto, apenas o teu silêncio.
Rita Venâncio.